Eduardo Leite ou Onyx Lorenzoni? Em disputa, a tradição ou a quebra de tabu

Redação do Diário

Eduardo Leite ou Onyx Lorenzoni? Em disputa, a tradição ou a quebra de tabu

O duelo final ao Palácio Piratini neste domingo foi reservado a um político do espectro ideológico de direita, o deputado federal Onyx  Lorenzoni (PL), e um mais identificado com o centro, o ex-governador Eduardo Leite (PSDB). Do lado de Onyx, o desafio é manter a tradição gaúcha de não reeleger o governador. Já da parte de Leite é, justamente, quebrar esse tabu e conquistar a reeleição.

Candidato do presidente Jair Bolsonaro (PL) em solo gaúcho, Onyx  venceu o 1º turno com o apoio de 2.381.989 eleitores, 37,50% dos votos válidos, contrariando as pesquisas, que o apontavam em segundo lugar. Impulsionado pela força de Bolsonaro, Onyx reproduziu na campanha estadual as bandeiras do governo federal, como a defesa da família e dos costumes. Também usou como cartão de visitas o seu trabalho em ministérios do Palácio do Planalto, entre eles a chefia da Casa Civil, a pasta de Cidadania e da Previdência e Trabalho, além da Secretaria-Geral.  

Líder nas principais pesquisas do primeiro turno, Eduardo Leite tomou um susto à medida que os votos eram apurados. Ele quase ficou fora do segundo turno. Por uma diferença  de pouco mais de 2,4 mil votos, Leite garantiu a vaga, disputada voto a voto com o candidato Edegar Pretto (PT). O tucano obteve  1.702.761 votos (26,81%), e Edegar 1.700.274 (26,7%). Pela segunda vez consecutiva, a esquerda fica fora da batalha pelo Piratini no segundo turno.

Ao longo do 1º turno, os adversários, inclusive Onyx, exploraram a renúncia do ex-governador, que mirou uma candidatura à Presidência, o que não se confirmou. O tucano tinha um discurso de não concorrer à reeleição, o qual abandonou para disputar o Piratini novamente. Na campanha, focou nas realizações de sua gestão e na necessidade da continuidade do seu projeto.

A disputa do segundo turno entre  Onyx e Leite foi em alta temperatura e se refletiu nos debates e com troca de farpas. No horário eleitoral obrigatório, houve acusações de ambos os lados.

Ao longo da disputa, os dois candidatos angariaram apoios. Onyx recebeu a adesão dos ex-concorrentes ao Piratini Luis Carlos Heinze (Progressistas) e Roberto Argenta (PSC) e parte do Progressistas, além de lideranças do MDB descontentes com a coligação com o PSDB, como o prefeito de Porto Alegre,  Sebastião Melo, e o ex-prefeito de Santa  Maria e vereador da Capital Cezar Schirmer.

Já Leite somou os apoios dos ex-candidatos ao governo do Estado Vicente Bogo (PSB) e Vieira da Cunha (PDT). Inicialmente com uma postura de neutralidade, o PT reviu a posição na semana que antecedeu o segundo turno e recomendou a seus filiados “voto crítico” no tucano, apesar das diferenças ideológicas. E uma parte do Progressistas também aderiu à candidatura do tucano.

Discursos

Na campanha e no horário eleitoral no rádio e na TV, que terminou na sexta-feira, Onyx não mudou muito a estratégia, se comparada ao primeiro turno. Apostou as fichas, mais uma vez, no seu maior cabo eleitoral, Bolsonaro, que veio ao Estado para participar de agenda e também gravou para os programas, além de focar em “pátria, família, liberdade”, espelhado nas ações do governo federal. “Nós vamos cuidar das famílias”, repetiu Onyx, ao longo da propaganda.  

Em relação ao primeiro turno, o candidato do PL pesou nas críticas ao adversário. Ele explorou com mais intensidade a renúncia de Leite e promessas feitas por ele, como não privatizar a Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan). Onyx, aliás, prometeu rever o processo de venda da Corsan, que está em andamento, e afirmou que não irá privatizar o Banrisul, caso eleito. Também se posicionou contra o Regime de Recuperação Fiscal, acordo que permite a retomada da dívida com a União, mas como contrapartida o Estado fica submetido a uma série de restrições.

Já Leite reviu a estratégia no 2º turno. Neutro em relação à disputa presidencial, o ex-governador focou nos problemas do Estado e mudou o slogan para “o Rio Grande fala mais alto”, associado à bandeira gaúcha. Em boa parte da propaganda eleitoral, exibiu, novamente, obras do seu governo e futuras ações,  em caso de ser reeleito. Elegeu como prioridade num eventual segundo mandato a educação em turno integral e assumiu o compromisso de não vender o Banrisul, muito impulsionado por condições  impostas por partidos como PDT e PSB para apoiá-lo no segundo turno.

O tucano também não poupou críticas ao adversário, explorando o fato de Onyx falar mais sobre problemas do país do que do Estado e de não ter tomado a vacina da Covid. Além disso, o tucano afirmou que o candidato do PL quer dividir o Estado e que admitiu ter recebido caixa 2 no passado.

Ao longo da campanha, os dois candidatos falaram de propostas específicas para Santa Maria e região com base em uma série de reportagens publicadas pelo Diário sobre problemas levantados na região e algumas temáticas específicas, como a dívida com a União e políticas para a terceira idade e o meio ambiente.

Confira aas propostas de Onyx e Leite para o governo do Estado

Onyx Lorenzoni (PL)

Foto: Nathália Schneider (Arquivo Diário)

Natural de Porto Alegre, Onyx Dornelles Lorenzoni tem 67 anos. É médico veterinário formado pela UFSM, já concorreu a prefeito de Porto Alegre e foi ministro do Trabalho e Previdência. Também foi ministro-chefe da Casa Civil, da Cidadania e da Secretaria da Presidência no governo Jair Bolsonaro (PL) e deputado estadual. Está no 5º mandato de deputado federal. É de direita.Coligação – Para Defender e Transformar o Rio Grande (Republicanos / Patriota / Pros / PL)A vice é Cláudia Jardim, 40 anos, natural de Guaíba (RS). É professora e ex-vereadora por dois mandatos. Atualmente, é vice-prefeita de Guaíba.

Saúde

“Se tiver a honra de governar o Rio Grande, vou resolver o passivo da saúde, a crise do IPE, desafogar os hospitais e implantar clínicas de especialidades. É uma questão de escolha. A minha será sempre a que for melhor para os gaúchos”

Educação

“Vamos buscar na tecnologia e nos cursos profissionalizantes a permanência efetiva dos alunos nas escolas. A denúncia de desvio de recursos públicos demonstra o pouco caso e, principalmente, a desfaçatez do ex-governador. Recursos que tinham de ser colocados na educação e não foram. Não cuidar da educação dos gaúchos foi uma escolha”

Segurança pública

“Polícia na rua equipada e bem preparada. Pretendo aumentar o efetivo da Brigada Militar e Polícia Civil, que está defasado há décadas. Além de reformular a política pública para os presídios e reforçar a nova polícia penal. Em parceria com as prefeituras, vou estimular a criação das guardas municipais. Governar é fazer escolhas. E a minha escolha será sempre o que for melhor para as pessoas”

Infraestrutura

“O modelo de concessões utilizado por Leite/Ranolfo não leva em conta o cidadão. Nosso governo dedicará atenção a todas as regiões. Seja por concessão ou investimento do Estado, ninguém ficará para trás. Oferecemos ao Rio Grande um governo responsável no uso dos recursos públicos”

Finanças

“O acordo fechado pelo atual governo impede que eu reduza impostos. Eu desejo ser o primeiro governador da história do RS a reduzir o peso da carga tributária. Temos que governar para as pessoas e não para a máquina do governo”

Meio ambiente

Sustentabilidade como princípio básico a ser buscado, para garantir o uso racional de recursos naturais sem comprometer o meio ambienteDesenvolver turismo ecológico no Estado, gerando renda e estimulando a preservação do meio ambienteReduzir os efeitos da estiagem, promovendo maior estabilidade produtiva, com manejo dos recursos naturais e criação de um plano de irrigaçãoEstimular a implantação de pequenas centrais hidrelétricas e usinas termelétricas a partir do gás naturalImplementar sistema de energia solar para uso de órgãos estaduais, reduzindo custos e gerando receita para investimentos”

Terceira idade

“Criar condições para promover autonomia, integração e participação efetiva na sociedade e exercício do direito à saúde nos diversos níveis de atendimento do SUS, bem como o acesso aos serviços de assistência social.

Promoção e prevenção de saúde aos idosos

Se o senhor for eleito, o que Santa Maria e região podem esperar?

“Primeiro, um governador que vai se dedicar durante os quatro anos ao Rio Grande do Sul. Não temos, a Denise (esposa), eu e a professora Claudinha (vice), nenhum outro projeto que não seja servir aos gaúchos e as gaúchas. Além disso, a presença constante aqui. Só entre o primeiro e o segundo turnos, eu vim três vezes a Santa Maria. Sou ex-aluno da Universidade Federal. Tenho amizades aqui há mais de 40 anos. Conheço a cidade e a região. Serei uma presença constante aqui para discutir os problemas e buscar soluções.”Onyx Lorenzoni

Eduardo Leite (PSDB)

Foto: Nathália Schneider (Diário)

Natural de Pelotas (RS), Eduardo Figueiredo Cavalheiro Leite tem 37 anos. Bacharel em Direito, foi governador do Rio Grande do Sul entre 2019 e março de 2022, quando renunciou ao cargo 2022. Anteriormente, foi prefeito e vereador de Pelotas. É de centroColigação – Um só Rio Grande (PSDB/ Cidadania / MDB / PSD / Podemos / União)O vice é Gabriel Souza, 38 anos, natural de Porto Alegre. Pós-graduado em Gestão Pública e médico veterinário, foi presidente da Assembleia gaúcha em 2021

Saúde

“Além de regularizarmos os repasses da saúde, a retomada do equilíbrio fiscal nos permitiu voltar a investir. Temos quase R$ 9 milhões destinados ao Hospital Regional, por exemplo. Não fizemos tudo, mas avançamos. Em relação ao IPE, o governo vem quitando o passivo. Mas, é importante lembrar que precisamos, sem vender ilusões, rediscutir o modelo de financiamento do IPE”

Educação

“Melhoramos de posição no Ideb e conseguimos uma retomada dos investimentos. Aumentamos os repasses para a merenda escolar, aumentamos o repasse para autonomia financeira das escolas e vamos seguir nesse ritmo para melhorar as condições de aprendizado. A Educação será a prioridade número um do nosso governo”

Segurança pública

“Tivemos uma série de investimentos em Santa Maria, e o resultado desse trabalho pode ser visto na redução da criminalidade na cidade e na região, com queda nos índices de homicídio, roubos, furtos e abigeatos. Aumentamos para R$ 458,4 milhões os investimentos em Segurança. Isso significa o dobro do total investido nos últimos 13 anos. Ainda há muito por fazer, mas o Estado avançou”

Infraestrutura

“Nada impede que seja feita uma discussão sobre a antecipação da duplicação, desde que em condições que sejam boas para todos os envolvidos no processo. Sobre a duplicação da Faixa Nova de Camobi, a obra está garantida e sairá do papel no nosso governo”

Finanças

“O que reduz a capacidade de investimentos no Estado, historicamente, é o desequilíbrio financeiro. O regime é justamente o oposto disso, porque garante contas saudáveis e investimentos”

Meio ambiente

Assumir compromissos de não expansão de fontes de energia poluentes e produzir balanço da emissão de gases do efeito estufaEstímulo à produção de energias limpas, apostando em eólica, solar e biomassa, inclusive em estruturas do serviço públicoLançar editais de Pagamento por Serviços Ambientais (PSA)Consolidar o Plano Estadual de SaneamentoAdotar programa permanente de suficiência hídrica”

Terceira Idade

Consolidar a política do idoso com criação de ambulatórios de referência por macrorregião, especializados em idososFomentar a criação de Conselhos Municipais do IdosoAderir ao Pacto Nacional da Pessoa Idosa e mobilizar os municípios para que também façam a adesãoAmpliar as políticas transversais, com prioridade nos temas da atenção domiciliar, da capacitação de cuidadores, do enfrentamento à violência e da qualificação das Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPIs)

Se o senhor for eleito, o que Santa Maria e região podem esperar?

“Santa Maria e a Região Central têm importância muito grande ao desenvolvimento econômico e social do Estado e continuarão recebendo a atenção que merecem. Nosso governo colocou as contas em dia e retomou investimentos. Temos quase R$ 9 milhões destinados ao Hospital Regional, por exemplo. Reduzimos os índices de homicídio, roubos, furtos e abigeatos na região. Garantimos, e sairá no nosso governo, a duplicação da Faixa Nova. Ampliamos investimentos em educação, que será a nossa prioridade número 1 no próximo governo. Agora que arrumamos a casa, vamos arrumar a escola.”Eduardo Leite

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